“MARIA ESTEVES – 10O ANOS DE MEMÓRIAS NAS LIDES DO BARRO”

O realizador barcelense, Carlos Araújo, foi galardoado com o prémio de melhor realizador, na 42.ª edição do concurso “Digital Gate Festival Internacional Film Festival Domum”, que decorreu, recentemente, na região de Annaba, Argélia, prémio atribuído pelo júri que avaliou o documentário que retrata a vida de Maria Esteves, uma das barristas de Santa Maria de Galegos que, anonimamente, contribuiu para a sedimentação do Figurado de Barcelos.

Tendo vivido mais de um século, esta barrista trilhou uma longa caminhada de vida recheada de histórias e memórias. Mãe de nove filhos, avó de vinte e oito netos, Maria Esteves foi a mais velha barrista de Barcelos e a mais antiga louceira viva a marcar presença consecutivamente, durante 57anos, na popular feira de louça do Senhor de Matosinhos.

Antes da sua morte, a artesã foi reconhecida em Barcelos, quando a Câmara Municipal decidiu promover uma exposição dos seus trabalhos, na Sala Multimédia do Posto de Turismo. Nessa altura, foi também publicada em formato digital a sua história de vida, num trabalho de José Viana, com o título “Maria Esteves – 100 anos de Memórias nas Lides do Barro”.

De anónima barrista de Galegos, Maria Esteves viu o seu nome estampado nos cartazes do evento e nas páginas dos jornais. Agora, com o trabalho de produção de Carlos Araújo e José Viana, realização de Carlos Araújo e investigação, texto e voz off de José Viana, a vida e obra de Maria Esteves fica imortalizada num documentário inteiramente produzido em Barcelos e por barcelenses.

Ao saber da obtenção deste galardão, o realizador Carlos Araújo demonstrou na sua página da rede social Facebook a sua “imensa alegria e satisfação pela obtenção do prémio” muito mais porque “este filme retrata fragmentos de vida da Sr.ª Maria, que viveu até aos impressionantes 101 anos de idade”. O autor vinca que “ela foi uma mulher guerreira, cuidadosa com a sua família, e nem diante das adversidades da vida se deixou abater. Mesmo aos 101 anos, ela continuou a dar-nos lições valiosas sobre a vida”. O realizador termina expressando a sua “gratidão especial a José Viana (autor da investigação, entretanto já publicada online, em 2016) pela sua cooperação e apoio neste projeto”.

Finalmente deixa uma palavra à família pelo “apoio ímpar”, sem o qual “nada disto era possível”.

Palmarés do realizador já conta com outros prémios

Esta não é a primeira vez que Carlos Araújo vê o seu trabalho reconhecido. O cineasta já viu a sua curta-metragem “A Lenda do Galo” galardoada nos Estados Unidos com os prémios melhor Curta e melhor Realizador. Tratou-se de galardões trimestrais atribuídos pela organização “Los Angeles Independent Film Festival Awards, que assim distinguem uma vez mais este realizador independente barcelense.

Recorde-se também que tem vindo a participar noutros festivais nacionais e internacionais de cinema, tendo já obtido cinco prémios, dos quais se destaca o primeiro prémio na categoria “Vida Humana”, do Finisterra Brazil Film Art & Tourism Festival, na Bahia.

Carlos Araújo mostra-se, de certa forma, surpreendido pela aceitação e reconhecimento do seu trabalho, mas afirma que “o mais importante é dar a conhecer a cultura e a identidade de Barcelos”.

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